quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

As possibilidades de ser idiota

Eu ainda cheguei a discar os dois primeiros números dela. Mas depois desliguei. Fui no whatsapp e ela tava online... Vi fotos dela fumando, andando em má companhia. E só. Mais nada. Nenhuma indireta, nenhuma ligação perdida no meu celular, nenhuma mensagem de madrugada, absolutamente nada. Não sei de mais nada da vida dela. Vadiazinha! O que ela pensa que tá fazendo?

Mas enquanto isso, continuo a ver o rosto dela em todos os malditos lugares que eu vou. É sempre o mesmo cabelo castanho na raíz e loiro nas pontas, sempre a mesma armação de óculos preta de atriz pornô sexy... Será que tô ficando louca? Será que ela tá me deixando louca?

Quando chego em casa e tomo banho, ouço ela rindo do lado de fora do box, toda encolhida, parece um gato com medo, dizendo que não vai entrar porque a água tá muito quente. Pára de frescura, garota, entra logo! E ela gargalha... Mas que merda infernal de risada gostosa que essa menina tem, meu Deus do céu! Olha só o corpo dela nu como é... Lindo! Toda bem feitinha, toda fininha. Dá vontade de colocar ela na cama, debaixo do edredon e desligar a luz pra gente dormir juntas. Quero adormecer cheirando o cabelo dela e o resto do perfume no pescoço que não saiu nem com o sabonete. É um cheiro que só ela tem, coisa de mulher que trabalha o dia todo e mesmo se suar, não fede. É um cheiro que eu posso sentir até na parada no ônibus. Foda-se. Eu vou reconhecer.

O que foi que aconteceu com a gente, hein, garota? Olha aqui pra mim. Nos meus olhos. Deixa de marra, sério, e larga de ser orgulhosa. Olha pra mim! Tu me amas?

Amo.

Eu também.

Vou na cozinha comer alguma coisa que é pra ver se ela sai 2 minutos da minha cabeça. Enquanto como pão com coca-cola, ela tá estudando na mesa. Tem um trabalho importante pra terminar. Se eu fechar os olhos consigo ver ela do mesmo jeito com a cara que tô vendo agora. Quanto mais concentrada, mais sexy. Quanto mais preocupada, mais vontade me dá de ligar pra ela e dizer que tô vendo ela aqui na minha frente mesmo sem estar. Tô morrendo de saudade.

Diz que me ama, bora.

Te amo.

Muito ou pouco?

Muito!

Beija

Beija

Beija

Nós somos duas idiotas, não é mesmo? Sim, somos. Até pra brigar somos bem idiotas. Sem falar dos xingamentos. Uh! Que idiota! E esse orgulho todo, hein? Idiota também? Hum, nem me fale, passa dez vezes na fila do quesito “idiota”. E essa capa toda que a gente faz pra ferir uma a outra? Idiota. E essa falta de atitude? Idiota. O que falar sobre a iniciativa que eu deveria tomar (mas engulo com areia) pra eu não te perder? Idiota. E esse meu rancor vazio, mesquinho e infantil? Idiota. E se eu sair pra beber com minhas amigas pra te afrontar? Idiota. E se eu discar teu número e desistir antes de começar a chamar? Idiota. Eu quero te mostrar como sou má e consigo não me importar. Idiota. Eu quero bater na porta do teu apartamento e dizer que te odeio. Idiota. Eu vou passar por ti e fingir não te conhecer. Idiota. E se eu mostrar que tô feliz sem ti hein, loirinha? Idiota.

E se eu continuar fazendo de tudo pra te perder e conseguir?

Hum, espera um pouco. Tô calculando quantas vezes mais consigo ser idiota.

Idiota.


Ei, amor, não faça isso. Vem aqui, vem.

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