sábado, 10 de março de 2012

Resultado de seis doses de Tequila

Mesmo depois de todos esses anos que você teve para amadurecer, ainda continuas com essa terrível mania que eu odiava tanto, de aparecer na porta da minha casa, bêbado, dizendo que não quer ficar sozinho, que você tem medo da solidão e que seus amigos já fizeram o papel deles te levando pra beber e distrair.

Você não mudou nada, eu também não mudei nada. Abro a porta e estendo minha mão dando passagem pra você entrar. No fundo eu sei que seis doses de Tequila não te deixariam tão bêbado, você foi dirigindo até minha casa, saiu do carro e até o travou com alarme. Você está cheirando a álcool e misturado a ele ainda está usando o perfume que dei no seu último aniversário de 24 anos e misturado mais ainda, o cheiro de Trident de menta que consigo sentir na ponta da minha língua.

Eu te observo... A barba por fazer, cabelo grande, a blusa social por cima da calça jeans com os botões da manga abertos e seus dedos tocando o sofá freneticamente. Eu te conheço, você está nervoso. E eu sei o quanto você deve ter lutado com todos os demônios do seu corpo pra beber e aparecer as 3h da madrugada na minha casa pedindo minha companhia.

Mas você é assim, sempre procurando desculpas, sempre tentando achar meios mais fáceis de chegar até a mim, o tempo todo se mostrando forte o bastante com medo da fraqueza de sentir saudade e ter que assumir.

Não consigo parar de te olhar. Lembrei da última vez em que bebi, cheguei bêbada no teu apartamento com minha blusa social aberta por cima da saia, rabo de cavalo que você tanto gostava de me ver e meus dedos tocando os móveis freneticamente enquanto que falava rápido que não queria ficar sozinha e você me olhava da porta do sala igualzinho como eu estava te olhando da porta da minha casa. E você disse que era feio o que eu tava fazendo... E me levou pra casa. E agora eu digo "é feio o que você ta fazendo, mas não vou te levar de volta, pode dormir aqui, eu também não quero ficar sozinha hoje".

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