quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Cena em câmera lenta me agonia

Ele entrou pela porta do bar e minha cabeça girou. Não lembro o minuto, o maldito minuto em que olhei pra frente e o vi. Pareceu coisa de filme ou novela, sabe? Em que a cena acontece toda em câmera lenta... Você ta feliz, ta rindo, ta bebendo e de repente a presença insignificante da pessoa se aproxima e você para de sorrir como se tivesse visto um fantasma.

Pois ele entrou sorrindo e o sorriso dele me incomodou profundamente porque parecia feliz. Os dentes meio amarelados mas mesmo assim lindos, em uma linha reta. Os olhos tão vivos e brilhantes. O queixo ocupado pela barba grisalha. O corpo frenético no ritmo da música. Mesmo tonta, olhei pra trás pra ver com quem ele estava rindo tanto.

E era ela.

Eu nunca o tinha visto tão espontâneo, tão leve, e é claro que ele era assim com ela. Ele gostava dela. Ele dizia que gostava de mim e que eu o fazia feliz mas era frase de efeito. Mas o efeito que ela causava nele era real. E então eles deram uma gargalhada e ela pegou o copo de cerveja da mão dele e tomou um gole e eu percebi que nunca dividimos um copo de cerveja, só de um milkshake de chocolate. Pensei "eles sim são um casal de verdade e não um de fim de semana num motel aconchegante".

Ele tava com ela mas não era escondido, ele a exibia para todos, passava a mão nos cabelos castanhos e comprido dela enquanto conversavam. Ele não a beijava, mas no fim da noite eles estariam juntos se beijando na casa dela...

Quanto mais nauseante aquilo me ficava, mas eu sorria. Afinal, eu estava rindo, tava feliz, tava bebendo e eu não gosto de filmes ou novelas enquanto a cena fica em câmera lenta, me agonia demais.

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