As mesmas lembranças.

Essa madrugada foi um pouco mais difícil que as outras. Parece que tudo lembrou ele. Perdi meu sono e pra me distrair fui á cozinha comer alguma coisa; voltei pro quarto e puxei da minha gaveta uma camisola pra dormir. Ela estava no fundo, estava cheirando a mofo e quando a peguei, debaixo havia uma caixa cor-de-rosa. Olhei fixamente pra esta caixa com medo de mexer nela, ela nao me era tão estranha, não mesmo e pra quê diabos eu fui remexer esta gaveta podendo pegar uma blusa na parte de cima? Então a trouxe pra mais perto de mim e sentei-me no chão e a distampei. Alí tinha coisas que eu já sabia que existia, porém mais ou menos na segunda semana de julho quando terminamos, peguei tudo que me lembrava ele e joguei ali dentro, exceto sua blusa com seu nome escrito atrás que levei pra viagem e não dormi um dia com ela, empurrei mais a dentro possível da mala pra nao poder enchergá-la.
"Essa caixa tem que ir pro lixo!"- pensei. Mas como eu poderia jogar fora uma das partes mais especiais da minha vida? Me encostei na cama e o chão estava beem gelado. Quando tirei a tampa, ali tinha tudo o que eu não precisava lembrar: papéis de pirulitos que eu estava guardando para o suposto presente do dia dos namorados com frases bonitinhas de amor, o perfume em forma de charuto que ele me deu, a pulseira que eu disse quando ainda estávamos ficando que ia roubar pra mim -e consegui-, as folhas representando um pequeno calendário postando todos os dias desde quando vi ele pela primeira vez até quando terminamos tudo, as folhas recortadas do meu caderno do primeiro semestre que falava dele nas bordas -eu as recortei e joguei tudo ali dentro-. O que eu não percebi, era que tava tudo muito bem guardado. Pensei em ler todos aqueles papéis, mas não. Me levantei do chão e voltei pro computador,a caixa ficou ali mesmo, minha tia quando fosse dormir ia pegar e pôr em algum lugar. Abri minha pasta de documentos e fui direto na nossa última conversa que salvei. Comecei a ler imaginando cada palavra escrita alí saindo da boca dele, imaginei sua expressão séria sem um pingo de ânimo. Eu chorei.... mais uma vez chorei.